quarta-feira, 14 de abril de 2010

when we're both cats

I will tell you in another life, when we're both cats....
Provavelmente uma das mais sábias e marcantes frases que ja ouvi. Porque? Não sei. Talvez porque sou uma pessoa de gatos (pretos e de feitio dificil) e porque tenho demasiado a dizer-te, tanto que esta vida não é suficiente. Os gatos, tal como os animais em geral falam entre si  numa lingua propria, mas têm a particularidade de falarem também com silencios. Com os seus olhos transparentes. Eu gosto de silencios. E de olhos transparentes.
Gosto das conversas sem palavras, dos silencios confortáveis. Não ha nada mais intimo entre duas pessoas do que um silencio. Quando se chega a um ponto em que os silencios são confortáveis e cheios de palavras, de sentidos, são leves aconchegantes, é o máximo de proximidade que se tem com o outro. Tal como com um gato, quando, sem fazer qualquer manifestação sonora se chegam a nós, e pata ante pata, se instalam enroscados no colo.
Estou a perder os silencios confortáveis que tinha. As palavras saem para completar o espaço entre mim e as pessoas quando não tenho nada para lhes dizer, mas no entanto, o silencio é-nos pesado. Por isso, falamos, vazios de impostancia e significancia.
Fazem-me falta os silencios leves.
Fazem-me falta os nossos silencios. Em que as estrelas e a brisa da tua serra embalavam o que não era dito, mas entendido, com os outros quatro sentidos, porque a tua voz se ouvia (e ouve) na minha mente com maior clareza do que seria recebida pelos meus ouvidos. Silencios em que tudo fazia sentido.
When we're both cats...os silencios voltam a ser nossos.
When we're both cats... when i stop feeling like a stray...

Sem comentários:

Enviar um comentário